No seio de uma família tradicional da cidade de Pelotas, nasceu, em 9 de
março de 1865, João Simões Lopes Neto, tornando-se um ícone na literatura
gaúcha, pelo estilo demonstrado através de seus contos e causos sobre o povo do
seu Estado.
Durante seus cinquenta e um anos de vida, Simões Lopes tentou ser
empresário, mas o fracasso foi maior do que os seus sonhos. Durante suas
tentativas profissionais, foi professor, capitão da Guarda Nacional e Conselheiro Municipal em
Pelotas, sem ter conseguido, entretanto, a sua realização profissional.
Aos vinte e sete anos de idade, constituiu família,
casando-se com Francisca de Paula Meireles Leite, sem que o destino lhes
reservasse filhos.
Simões Lopes sempre sentiu-se atraído pela
literatura, mas desabrochou como escritor somente aos 29 anos de idade, com o
seu primeiro conto, intitulado “Mandinga”, publicado num jornal.
Durante sua vida literária, participou de diversas entidades, sendo um
dos fundadores da Academia de Letras do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, no
ano de 1910, onde dedicava parte da sua vida entre livros, na busca da sua
realização pessoal.
João Simões Lopes Neto
publicou apenas quatro livros:
Em 1910, ”Cancioneiro Guasca”, em 1912, “Contos Gauchescos”, em 1913, “Lendas
do Sul”, em 1914 “Casos do Romualdo”.
O autor anunciou o lançamento de outras obras
que nunca foram encontradas pela família, a não ser o que foi publicado pela
Editora Sulina, em 1955, com o nome de “Gaúcho”. Mas a obra de Simões Neto não
fica estagnada nessas publicações, ele também foi descoberto no meio
jornalístico, onde deixou um riquíssimo patrimônio publicado.
Simões Lopes é considerado pelos
críticos literários o maior escritor regionalista rio-grandense da sua época,
por ter sempre valorizado, nas suas obras, a história do gaúcho e suas
tradições. Segundo Antônio Cândido, a
natureza adquire dimensões míticas nos contos de Simões Lopes, revelando a
presença de uma mentalidade primitiva, coerente com as circunstâncias donde
provêm os heróis da narrativa. Dizem alguns críticos literários que Simões Lopes ultrapassa o real
quando representa o gaúcho em suas narrações, alcançando o mito de Lilith ao narrar
o feminino rio-grandense.
Simões Lopes deixou expressiva contribuição
intelectual à literatura gaúcha, entretanto, só alcançou a glória literária
após a sua morte, com o lançamento da edição crítica de Contos Gauchescos e Lendas do
Sul, em 1949, organizada pela Editora Globo e Augusto Meyer, com apoio de
Érico Veríssimo e do editor Henrique Bertaso.
Em diversos estudos, buscando a originalidade do
autor e a valorização da sua obra, a prosa de Simões Lopes Neto, rica em
linguagem coloquial gaúcha, artisticamente elaborada, ultrapassa hoje os
limites territoriais, tornando-se uma literatura universal, sendo encontradas
em todo o mundo traduções de sua obra em diversos idiomas.
João Simões Lopes Neto faleceu no dia 14 de
junho de 1916.
Autor da pesquisa: J.G.Ribeiro
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